quinta-feira, 10 de maio de 2012

Podre - By Brubs Folster


Abro os olhos, o sol ilumina o quarto, tento me espreguiçar, mas o corpo continua pesado. Sinto um cheiro de ovo podre no ar, está muito abafado por aqui.
Onde eu estou?
Ouço um bip eletrônico e o barulho de um ventilador enferrujado. Minha cabeça está presa em algo de ferro,  apenas os meus olhos se mexem. O cheio de podridão se intensifica, sinto o suor escorrendo no meu rosto. A agonia do silêncio me incomoda.
Os meus olhos observam o ambiente. As paredes estão com a pintura amarelada e descascada, o ventilador é de teto, a porta de madeira arranhada está fechada, olho de canto de olho e vejo uma bacia no chão com fezes e urina, aquilo me enoja. Percebo que minhas pernas estão engessadas, só consigo ver os meus dedos para fora do gesso. Percebo que há um saquinho na minha barriga, ele está drenando alguma coisa de dentro de mim. Parece uma urina grossa, misturada com pus. Meu coração acelera, minha respiração fica mais ofegante.
Que dia é hoje?
Meu Deus, o que aconteceu?
Começo a recordar...
 Era o dia mais importante da minha vida...
Meu casamento!  O caminhão! Puxa vida, o caminhão desgovernado...
Uma mosca me traz de volta a realidade, ela está sobrevoando ao meu redor, ela pousa no meu rosto e começa a caminhar por ele, sinto suas pernas pequeninas e finas se locomoverem pela minha face. Meu rosto esquenta, minha boca está seca. Vejo outra mosca a acompanhando, elas andam em círculos perto da minha boca.
Meu coração começa a bater muito rápido, entro em pânico, o que vai ser da minha vida agora?
-NÃO! - Grito desesperado, as moscas se assustam e voltam a voar ao meu redor.
Sinto ânsia de vomito, mas apenas o gosto da bile vem na minha boca, meu estômago está vazio, ouço ele roncar de fome. O cheio de podridão empreguina o ambiente e percebo que está vindo de dentro de mim.
O medo me domina e eu estou sozinho, onde estão todos? Que lugar é esse?
Meu corpo está muito pesado. Meus lábios estão secos, eu grito por socorro, mas o silêncio enlouquece o quarto esquecido e abafado.

By Brubs Folster –
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