Abro os olhos, o sol ilumina o
quarto, tento me espreguiçar, mas o corpo continua pesado. Sinto um cheiro de
ovo podre no ar, está muito abafado por aqui.
Onde eu estou?
Ouço um bip eletrônico e o
barulho de um ventilador enferrujado. Minha cabeça está presa em algo de ferro,
apenas os meus olhos se mexem. O cheio
de podridão se intensifica, sinto o suor escorrendo no meu rosto. A agonia do
silêncio me incomoda.
Os meus olhos observam o
ambiente. As paredes estão com a pintura amarelada e descascada, o ventilador é
de teto, a porta de madeira arranhada está fechada, olho de canto de olho e
vejo uma bacia no chão com fezes e urina, aquilo me enoja. Percebo que minhas
pernas estão engessadas, só consigo ver os meus dedos para fora do gesso.
Percebo que há um saquinho na minha barriga, ele está drenando alguma coisa de
dentro de mim. Parece uma urina grossa, misturada com pus. Meu coração acelera,
minha respiração fica mais ofegante.
Que dia é hoje?
Meu Deus, o que aconteceu?
Começo a recordar...
Era o dia mais importante da minha vida...
Meu casamento! O caminhão! Puxa vida, o caminhão
desgovernado...
Uma mosca me traz de volta a
realidade, ela está sobrevoando ao meu redor, ela pousa no meu rosto e começa a
caminhar por ele, sinto suas pernas pequeninas e finas se locomoverem pela
minha face. Meu rosto esquenta, minha boca está seca. Vejo outra mosca a acompanhando,
elas andam em círculos perto da minha boca.
Meu coração começa a bater muito
rápido, entro em pânico, o que vai ser da minha vida agora?
-NÃO! - Grito desesperado, as
moscas se assustam e voltam a voar ao meu redor.
Sinto ânsia de vomito, mas apenas
o gosto da bile vem na minha boca, meu estômago está vazio, ouço ele roncar de
fome. O cheio de podridão empreguina o ambiente e percebo que está vindo de
dentro de mim.
O medo me domina e eu estou
sozinho, onde estão todos? Que lugar é esse?
Meu corpo está muito pesado. Meus
lábios estão secos, eu grito por socorro, mas o silêncio enlouquece o quarto
esquecido e abafado.
By
Brubs Folster –
Proibida
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